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Devocional
O tempo que dediquei ao ofício,
Passei a provocar as minhas insónias,
A cuidar e a mimar o vício,
A fomentar verdades erróneas.
(Sou deusa do meu bom martírio)
Os pulmões cansados,
O coração sempre a bufar,
Os pés acabados de casar,
Iludidos e resignados,
Ansiosos para do corpo se libertar,
Fecho a boca sem reclamar.
Abri a porta da minha condenação,
Afastei o mundo e a paixão,
Reneguei à sanidade e ao amanhã,
À fogueira e aos camisolões de lã.
Entreguei-me à lástima e à poesia,
Viver à flor da pele e do pêlo.
O meu único mandamento é a heresia,
E que a dor sempre compensará o belo.
Curioso que ao me revelar,
Assustada pela minha própria mímica,
Me recuso a aceitar que esse espelhar,
Mostra mais do que a minha aparência física.
Se eu não me conheço, ninguém me conhece.
Oh Senhor, por favor, ouve a minha prece
Ana Eduarda
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