Imaginação e Criatividade aplicadas à Arte, ponto de vista filosófico – LIMBO Magazine

INTER7O / JosÈ Algo / João Zagalo, fotografia de Johnny Santos (@johnny_p_santos)

Imaginação e Criatividade aplicadas à Arte, ponto de vista filosófico

INTER7O, como me refiro ao também JosÈ Algo e João Zagalo, conversou com a LIMBO sobre Arte, Ciência e Filosofia. Três disciplinas que, embora aparentemente opostas, convivem lado a lado na nossa realidade. Jovem, um verdadeiro pensador e um artista que em si é vários.
Filipa Ferreira

“No fundo, o que eu quero dizer, não é tão relevante como a forma como o estou a comunicar. Porque não é.”

Fotomontagem de Autor Etrato
Feito por Etrato, Autor que renuncia qualquer tipo de partilha com os demais senão as suas criações, que reflectem o seu estado

Uma das tuas características enquanto artista, são os vários personagens a quem dás vida. Quem é que eu estou a entrevistar?

Quem tu estás a entrevistar é o João Zagalo, mas vou querer assinar tanto como João Zagalo, como com INTER7O e JosÈ Algo.

Eu assino a maior parte do meu trabalho lírico, como INTER7O ou, mais recentemente, como Jose Algo, e alguns com nada. E não assino porque acho que não há UMA necessidade de associar uma identidade a uma coisa que escrevi. Não tenho medo que me roubem as coisas, não tenho problema e nem estou minimamente preocupado, porque, lá está, eu escrevo uma coisa que eu gosto, e exponho-a ao mundo. A partir daí já não me pertence. Tenho a minha visão dela mas não me pertence. Acabo por, grande parte das vezes, assinar e expôr o meu trabalho como INTER7O. Eu vejo o INTER7O como um dos meus “Eus” de outros universos, a virem contactar com o meu Eu deste universo. E quando a amálgama toda se junta, é aí que ele surge. E eu criei-o muito porque não queria um veículo para restringir e para me definir, e criar aquela ideia de caixinha de surpresas de “Ok, eu posso fazer algo de inúmeras formas, e vou sentir que estou sempre dentro do personagem”. Até porque é o personagem que eu tenho que é mais abrangente e é a que está mais próxima do eu. Todos os outros personagens têm medos, têm ambições e são quase reais, consegues perceber que é uma character mas podia ser uma pessoa real. Mas, eu tenho mais uma camada extra que é a camada que não se consegue ver, porque as outras personagens são tudo o que eu quero ser e não são o que eu não quero ser. Daí que, frequentemente, ainda sinta que há uma mística por detrás do INTER7O, que ele próprio não conhece, que lhe acrescenta uma misteriosidade ainda maior, e o mesmo se segue com o José Algo. Considero um dos alter-egos mais focado no rap e outro na poesia, no ensaio e na crítica.

Mas todas as personagens acabam por ter algo que eu prezo, e até mesmo o INTER7O que é o mais próximo de mim, acaba por ter coisas que eu não tenho e que eu prezo. Porque quando escrevo, entro num mundo dele, que é também meu. Mas eu não estou sempre nesse mundo, porque senão não conseguia funcionar, na realidade. Estava só preso numa exploração de conceitos eterna. E que não ia ter assim um grande impacto na azáfama do dia-a-dia. O que é um bocadinho triste e ao mesmo tempo não é, porque se não ia estar bué preso a pensamentos e a ideias que não me serviriam de grande coisa, num sentido prático.

Aí entras um pouco pela questão do utilitarismo, que é algo que às vezes parece apoquentar. Se por um lado, muitas das coisas criadas por um artista, têm o seu quê de utilitarismo, mesmo que não exista essa intenção — se o artista estiver a criar porque necessita de tirar algo de dentro de si, porque precisa de se expressar, já está a atribuir utilidade à sua arte. Por outro lado, a utilidade tem uma conotação tão racional e quase negativa, que parece que tira o “especial” da Arte.

Relativamente a isso, eu tenho uma postura menos utilitária, e isso é algo que eu nunca vou esconder. Até porque muita da minha arte é só uma exploração. E é uma exploração constante, de conceito e de ideias, às vezes até só de fonias, às vezes só de esquemas rimáticos e perde muito esse valor utilitário. Podemos reduzir a coisa a um extremo de “Eu estou a fazer arte para me entreter, para aproveitar o meu tempo livre”, e aí acaba por ter uma conotação mais utilitária. O facto de eu ser pouco utilitário afeta-me também a criação artística, até porque quando as coisas não saem como eu as visionei, fico muito frustrado, porque eu penso: “Se eu já imaginei esta imagem na minha cabeça, porque é que eu não a estou a conseguir recriar? O que é que está a falhar?”. E foi isso que me levou a explorar a temática da Criatividade e da Imaginação. Começou num ponto de vista científico, mas ao ler e ao perceber, vi que afinal não fazia sentido abordar a temática de um ponto de vista totalmente científico.

Aí é que é interessante, é que muitos cientistas tentam quantificar a criatividade, quando é uma temática de interface, que tanto pode ser aplicada a um lado como a outro. Pode ser aplicada a tudo na vida. Mas acho que descende TANTO da ciência, como da arte. E para mim é isso que a torna uma temática mais interessante, assim como a estética que é um bocado a intersecção entre a Ciência e a Arte. Isto porquê? Eu fui formado em ciência, toda a minha vida, e formei-me em Biologia, concluindo recentemente o mestrado em Biotecnologia Vegetal e, portanto, sempre tive uma relação muito forte com a ciência. E até quando era mais chavalo, quando tinha aí 15/16 anos, via a arte de uma forma totalmente diferente. Não tinha uma grande relação com o mundo artístico e via-o como a malta que estava a desperdiçar a vida deles, literalmente.

Conforme fui explorando mais o universo artístico, fui saindo cada vez mais do científico, porque estava a deixar de me fazer sentido aquela atitude “preto no branco” que o universo científico tem e que é um estigma. Os meus cientistas preferidos não têm essa atitude, quem tem é a comunidade no geral e é cáustico, como é óbvio. Assim como no panorama artístico falta um bocado da atitude “preto no branco” e científica.

Agora muita gente está mais preocupada com a vibe, do que com compreender a música. Eu quero é saber se estás a fazer uma coisa que eu acho interessante e inovadora. E isso são parâmetros já mais fáceis de quantificar. Algo ser original e ser inovador é muito mais objectivo. Eu olho para muitos actos artísticos que eu gosto, e que aprecio, mas eu sei que não são inovadores, eu sei que não são extremamente originais. E depois é um espectro, lá está, como uma uma curva gaussiana.

Essa questão do espectro é muito interessante, porque realmente há certas criações que tu sabes que não são inovadoras, mas também pela sua qualidade e pela sua abordagem, e por ’n’ fatores, tu vais gostar, e vais apreciar e vais voltar a ‘consumir’. Outras, cujo formato, conteúdo, etc., já não é nada inovador, e que por vezes acabam por perder o interesse. Parece necessário um certo estímulo na arte, um que estimule subjetivamente cada indivíduo. Queres explicar melhor a relação da curva com os atos artísticos?

Se tu reparares, e isto é algo que eu acredito plenamente, os melhores actos artísticos estão todos ali na segunda metade da parte da direita, no terceiro ou quarto quadrante.

Curva Gaussiana, Entrevista, LIMBO

imagem ilustrativa: curva gaussiana

A probabilidade de algo cair nessa tabela mais à frente, ou mais atrás é muito mais reduzida do que cair no meio.

Em termos de originalidade a maior parte da arte cai no meio, e depois a arte que é muito mais banal, andando para o lado da esquerda e depois arte que é tão banal que é quase uma cópia. Aí estão os covers, não as bandas de covers, mas aquele cover no quarto. Depois, no outro lado estão actos musicais que eu acho completamente únicos. Posso até dar exemplos porque eu gosto de o fazer e gosto de dar props a quem merece mas, por exemplo, eu vejo imenso Death Grips aí nessa zona e vejo Danny Brown também nessa zona, por exemplo. Vejo Lil Ugly Mane também nessa zona, pois todos os seus projectos foram únicos e tem o que eu considero a melhor música de Hip Hop alguma vez feita. Dentro de Portugal também tens muitos artistas que caem aqui. Eu vou destacar 3 dos meus MCs preferidos, que caem neste neste espectro, que são o Secta, o FUSE e o TILT. Para mim são MCs tão únicos, que às vezes, ao ouvi-los, eu me sinto mesmo inapto — “Como é que este gajo fez isto?”. Eu lembro-me quando ouvi a “Marcha” do Secta com o VULTO. pela primeira vez. Eu estava só boquiaberto, a partir-me a rir e a apreciar bué o projecto e quando acabou, eu fiquei: “Fod#a-se, o que eu faço não vale um car#lho. É que não vale mesmo nada, nada, nada comparado a isto. O que é que é isto?” E só a perder tempo a analisar e a ver “Ok, e o que é que é isto de facto, e a aproximação dele à escrita, e a maneira como manda as barras?” é que eu tive a minha interpretação do Secta enquanto um MC, e no “[Caixa]” foi exatamente o mesmo com os beats do Metamorfiko, estive ali horas e horas e horas, a bater com a cabeça nas paredes a ver como é que ele os tinha feito, e como é que o Secta entrava nos beats e acho que essas experiências musicais únicas, são mesmo os actos musicais que me motivam mais, aqueles que ouço e penso “Ya, se alguém fosse tentar fazer uma peça parecida ia logo estar a copiar-te”. Eles são tão únicos, tão únicos, tão únicos que qualquer margem de uma maior inspiração, digamos assim, se vê logo como uma cópia, eu pelo menos vejo logo como uma cópia. Se eu vir um gajo com o mesmo flow, ou com um flow, inspirado no Secta, eu noto logo. Enquanto que há outros MCs que são tipo “Ah ya, olha eu inspirei-me bué neste gajo”…Ok, agora que dizes isso faz sentido, mas assim de repente, não conseguia dizer. Há influências (ou fontes) que são óbvias, há outras que são bué difíceis de apanhar.

Há fontes das quais é mais fácil tu beberes do que de outras, mas também há fontes que tu precisas de trabalhar aquilo que tu bebes delas, para teres uma coisa interessante. E para teres uma coisa original e não seres só “Estou aí a fazer isto como este gajo faz, estou a entrar nos beats que este gajo entra, estou a rimar com as palavras que este gajo usa.” Isso é algo que eu tenho em conta, sobretudo agora, porque fui sendo confrontado, e acho que como todos os MCs foram, com malta a dizer-me “Olha, estás a parecer um bocado este gajo, olha aí estás a parecer um bocado aquele.” E então é um processo de experimentação constante de um estilo diferente, a um estilo mais refinado, em que me tento posicionar como mais original. Até porque eu não quero criar o que uma outra pessoa já criou, eu quero criar aquilo que eu sinto que aprecio e que vejo como único e interessante. E esse é o meu maior objectivo na arte, é criar algo que eu veja como o extremamente interessante, fazer a música que eu quero ouvir, escrever os poemas que eu quero ler, escrever os ensaios que eu quero ler, abordar as teorias que eu quero ver, ver o mundo da forma como eu quero ver e que me faça mais sentido, dentro do meu raciocínio limitado. Esta é a forma que eu arranjei do Perceber e do Interpretar. E aí é que eu puxo bué os meus filósofos preferidos, o David Bohm e o Jacques Lacan, porque eles arranjaram formas de ver o mundo muito próprias deles. E isso é um mecanismo que também me inspira bué artisticamente.

Ouvi de alguém que a arte, cada vez mais, e qualquer criação, é sempre referenciada, quer se queira, quer não. Quantos mais estímulos existem no mundo, mais estimulado tu vais ser. Por isso, faz sentido que para sermos mais criativos, mais inovadores, ganhemos o máximo de referências. Tudo isto não deixa de se refletir numa separação ténue entre aquilo que vai ser original, e aquilo que vai ser fruto de referências. Não descurando o trabalho do artista, de trabalhar e desenvolver um determinado conceito, mesmo que com determinada(s) referência(s), e que se evidencia num processo e/ ou criação com alto teor subjetivo.

Curva Sinosóide, Entrevista, LIMBO

imagem ilustrativa: curva sinusóide

Olha eu acho que há dois espectros se tu olhares para isso. Há um que, de facto, envolve a recolha de referências, e há outro que envolve muito fecho no Eu. E acho que isto acabam por ser períodos que as pessoas vão variando, em que tu tens períodos em que tu analisas e interpretas mais, e em que te abres artisticamente e depois tens outros que te fechas. E imagina aí os graus como se fosse o tempo, ou seja, quando tu começas a fazer arte e quando começas alguma fase do teu capítulo artístico, a maior parte das vezes começas a analisar peças. Ouves uma peça, ou vês uma peça, essa peça inspirou-te, “eia car#lho, o que é que este gajo fez!”, e tu vais ouvir mais, vais ouvir mais, até que esgotas isso e te fechas. E começas a fechar-te, a fechar-te mais e dizes “olha agora não ouço música, agora só ouço a MINHA música.” E estás aí a estafar-te com a tua música para entrares naquela onda. Eu nas fases em que ouço mais a minha música, e leio mais aquilo que escrevo são as fases em que eu escrevo coisas que me satisfazem mais. Portanto acaba por ser uma faca de dois gumes. E depois vai oscilando. A curva é infinita, tem um princípio sim, mas pode começar onde tu quiseres e pode também acabar onde tu quiseres.

Há aí uma dualidade muito interessante: Isto é a minha forma, isto é o meu método, mas eventualmente vai deixar de ser, porque eu vou acabar por deixar de interpretar e analisar tanto a música. E vou passar a fechar-me muito mais no meu mundo, porque já vi que isso é o que dá mais resultados com os quais me sinto mais satisfeito. E há muitos artistas, e vou citar da Death Grips novamente, que têm esse estilo, são pessoas bué fechadas, mesmo artisticamente sinto que são bué fechados, estão ali só a ouvir a sua peça e só a expressar a sua arte.

Uma ideia que tenho é de me barricar num bunker, tipo 60 dias/ 90 dias, sem ninguém, sem nada, sem ter outras referências a não ser aquilo que eu estou a fazer, e ver quão perto eu consigo chegar do Real. E agora puxo a tríade do Lacan. O Real é aquilo que… Estás a ver quando tu olhas demasiado para o abismo, e ele olha de volta para ti? Esse é o Real. O real é onde tu não queres estar, para o Lacan. O Real é assustador, produz ansiedades, produz um número de neuroses enorme e a grande questão é que o Real pode nem existir. Ou seja, tu podes nem sequer ser ninguém e eu começo a pensar: “Ok, eu tenho este alter-ego, eu tenho isto, ya, ok, tudo muito bonito. Mas eu não sou o INTER7O, nem sou o João Zagalo, o que é que eu sou no fundo? É muito difícil eu definir o que é que eu sou, porque eu posso muito bem não ser nada. Pode muito bem nada existir e ser tudo uma coisa arquitetada pelo Imaginário e pelo Simbólico. E algo que muita gente tem é o tal diálogo interno, na cabeça… Que parece que está a reafirmar a narrativa que tu estás a construir e a pintar-te como algo que tu pensas que existe. Como algo que tu achas mesmo que é real, que é para o teu cérebro não entrar e cair no Real e ver que lá não existe nada e que, pronto isto é tudo uma fachada e que nada importa, no fundo. Puxando um ponto mais niilista, tu acabas por a perceber “Epá, realmente, sendo confrontado com o Real muitas vezes, tu chegas à conclusão que no real tu não tens absolutamente nada.” É um poço, sem fundo, em que cais só perpetuamente. E tudo o que tens à tua volta e da tua vida e toda a tua pessoa são fruto do Imaginário e do Simbólico, e não do Real. E tu consegues ter uma ideia do que é o Real, através das outras. Mas esse real acaba por ser uma interpretação do teu Real e não o verdadeiro Real. Fiz o meu maior esforço para explicar brevemente a tríade da psicanálise lacaniana, mas recomendo a todos que investiguem sobre isso. O canal Plastic Pills faz um óptimo resumo, recomendo vivamente.

Por isso é que ele defende também que não vale a pena lutares para encontrares o teu verdadeiro eu, porque se calhar não vais encontrar nada, e na verdade não existe um verdadeiro eu. Ou seja, o teu eu vai sempre ser fictício. E agora vou puxar duma teoria do David Bohm, em toda a unidade do ser e do universo, em que basicamente tu não és fragmentado, tu não és uma parte do universo. Tu não és a Filipa, tu és raça humana, tu és natureza, tu és existência, tu és matéria, tu és consciência. E sobretudo a parte da consciência porque eu vejo a consciência como algo que não é dividido, do resto. A consciência existe neste plano em que estás ligada a tudo. Em que tudo existe e coexiste contigo. E separar a tua consciência do resto das coisas, é algo que só vai criar atrito na tua vida e só vai gerar dor e frustração e vai te separar dos outros indivíduos e vai-te separar dos animais e vai-te separar, por exemplo, por nacionalidade.

Isso vai muito contra a ideia de alguém que precise de se sentir convicto e certo da sua identidade, de ser o mais fidedigno possível ao seu ser. O que é também uma variável no que toca à arte, e à forma de estar perante ela. Perante a visão de Bohm, se calhar é assim que se chega ao egoísmo. Perfazendo-se então outro dilema, porque ser egoísta é, na nossa sociedade, algo negativo. E se a pessoa quiser ser egoísta, e ser, em primeira instância, fiel a si própria e una consigo, antes de o ser com os outros?

Lá está, tudo isto são formas de ver o mundo e eu acho que um bom artista tem uma forma de ver a sua arte fundamentada pelos próprios conceitos abstractos que definiu, assim como um bom filósofo, que tem uma forma de ver o mundo fundamentada por ele mesmo e um bom cientista tem uma forma de ver a realidade concebida por ele mesmo.

Isaac Newton, por exemplo, arranjou uma forma de perceber a gravidade, arranjou forma de meter ordem na natureza, sobre dados parâmetros que ele definiu e um bom artista tem uma dada forma de ver a sua arte e de ver a arte em geral. E de criar a sua percepção do que é a arte e da sua arte.

Por isso é que eu acho que há uma conexão muito grande, isto é também tirado de David Bohm, entre a ciência e a arte. Calouste Gulbenkian, por exemplo, não consigo dizer que ele defenderia o mesmo, mas também era um homem das ciências e das artes, que é uma uma coisa muito interessante, até porque muitas das exposições da Gulbenkian são exposições de ciência e de arte. E isso foi algo que me intrigou mesmo imenso. Eu lembro-me de ir a uma visita de estudo no 11º ano e estar a ver aquilo e a pensar “Mas isto é ciência ou é arte? Estamos a ir a um museu para ver ciência? Mas num museu não se vê ciência. A ciência acontece nos laboratórios, no campo.”

Isso leva-me à mediação da ciência, aí quase que a arte funciona como um veículo de comunicação da ciência, de certa forma.

Sim, sim. E eu não concordo com isso. Não concordo porque não estão a usar a arte em harmonia com a ciência, estão a usar a arte para vender a ciência, e às vezes acontece o oposto, não andando de mão dada. Anda uma a conduzir um carrinho e a outra está atrás.

Mas dirias que essa tua observação é válida para qualquer tentativa que tenha havido e que venha a haver de misturar a ciência e a arte, ou é válida para aquilo que tu tens visto?

Não é válida para tudo, de todo. Porque há de facto situações em que elas estão de mão dada. Mas eu acho que, no geral, tanto a comunidade científica como a comunidade artística não as coloca de mão dada. Quando eu acho que só iriam beneficiar, se estivessem de mão dada.

Uma das coisas que me atrai mais na arte face à ciência é que eu vejo a arte com muito poucas limitações. Até porque um artista conceituado me pode vir dizer “Olha tu estás a fazer má arte”, mas se eu gostar dela eu estou-me a cagar. Enquanto que na ciência é diferente. É muito mais exacto, mas eu acho que beneficiava de ser menos. Porque, e eu vou puxar outra vez de David Bohm, uma coisa que ele defende muito é que, tanto o cientista, como o artista, estão os dois à procura de manter uma dada lógica dentro do universo que criaram. A diferença é que o artista é real a si mesmo, ou seja está à procura de algo que seja real, dentro dos seus parâmetros, do seu universo, o abstracto, e o cientista está à procura de algo dentro dos parâmetros da realidade, e dentro das definições e dos limites que foram dados ao que é possível e não na realidade. E aí agem os dois de forma similar e é por isso que eu acho que têm muito a aprender um com o outro. Muito, mesmo.

E, relativamente a esse sentimento de seres real a ti próprio dentro do teu universo científico ou artístico, achas que isso pode suscitar uma crise de despersonalização?

Relativamente a essa crise de despersonalização, acho que és tu a caíres no Real. E a veres, “c#ralho o que é que é isto? Será que isto sou mesmo eu, será que não sou?”. O que tu também tens que perceber, e lá está isto também é David Bohm, é que tu como ser humano estás em constante modificação. Tu és diferente do que eras há duas horas atrás. Tu és diferente do que eras há dois minutos atrás. Tu és diferente do que eras há dois segundos atrás… Toda essa mutação é algo constante e que é impossível de não estar presente.

A imaginação é muito importante por isso, não é? Porque se o Real é esse abismo, que gera a tal apoquentação, a confusão e a ansiedade… A imaginação é mesmo fundamental para que consigas ganhar um sentido da tua vida, de alguma forma. Porque, ao fim e ao cabo, quando tu tens um objetivo na vida, uma ambição, seja algo geral, desde o mais basilar de ter uma casa e filhos a uma peça de arte extremamente inovadora e fantástica… É isso que te move, que te traz sanidade.

Isso entra no Desejo, também é uma parte do que Lacan aborda, que posso incorporar aqui por alto, com parte da minha opinião sobre ela: Ou tu desejas algo ou tu desejas não desejar nada. E isso é uma dualidade, para mim, um bocadinho difícil de manter, o desejo. Porque depois entramos num processo que é “ok, porque é que tu desejas algo? — Eu desejo isto porque acho que me vou sentir bem, acho que vou ser melhor”. Tens sempre aquela imaginação do teu Eu como melhor quando obtiver “aquela coisa”. Tudo o que tu desejas é algo para quando tu estiveres a fazer uma projeção do teu Eu futuro, ele ser melhor do que o teu Eu do presente. “Ah! Depois disto eu vou ser melhor, depois disto eu vou estar mais calmo, depois disto vou estar mais feliz.” É difícil estares em harmonia com o Desejo…

Relativamente ao desejo, como é que achas que ele se relaciona com a tua criação artística e a tua gestão de tempo, face aos teus múltiplos interesses?

Acho que isso é outra das grandes dualidades da vida, sinceramente. Acho que é um dos grandes desafios de muita gente, sobretudo de, se calhar, pessoas como nós que têm muitos interesses. Porque eu sei que tenho muitos interesses, e depois sinto que cada interesse é mais específico que o outro. Em termos de Rap, o que é que eu ouço de Rap? Ouço Rap Underground, ouço Rap Experimental, ouço bué artistas que se calhar pouca gente conhece. Cria-me uma dada solidão, eu sentir que, por exemplo, David Bohm não é um gajo extremamente conhecido. O Lacan já é muito mais. Alguns dos meus MC’s preferidos são gajos que não têm quase reconhecimento nenhum. Ou têm algum reconhecimento no Underground só. Não sei, se calhar eles também não querem sair de lá. Ou se calhar eu começo a ver que ao sair de lá as pessoas que se sentem como eu sinto face à sua arte são cada vez menos, acabando por mudar o público. Outro MC que eu adoro é o LORD, eu acho que o LORD é um MC impecável mesmo, de topo. Mas, se calhar, se mais gente o ouvisse, as pessoas que o sentem como eu sinto iam ser diferentes. Também não sou ninguém para saber se as pessoas o sentem como eu o sinto ou não, é mera percepção…

Num outro apontamento, gostaria que abordasses um pouco a forma como crias e como vês a tua arte.

Vou explicar a forma como eu crio e queria explicitar um pouco a minha teoria de como eu vejo a minha arte. Isso parte muito de eu ter peças mais concretas e mais abstractas. Umas tu consegues interpretar muito melhor a minha visão e outras tu não vais perceber absolutamente nada. E eu tenho um objectivo com isso: é que muitas vezes essas peças mais concretas são mais fáceis de interpretar e têm um objectivo mais ciente e provavelmente é o que tu estás a pensar que é, ou o que eu estou a tentar transmitir. Mas as coisas mais abstractas não, e eu não tenho objectivo absolutamente mais nenhum se não proporcionar-te uma imagem que eu considero que seja completamente única e estar ali a divertir-me imenso a construir uma imagem, um cenário ou então só a conjugar palavras de forma a ter um seguimento que na minha mente é lógico. Posso-te dar vários exemplos: um exemplo de uma peça mais concreta — o meu poema “Deixem-me Estar”, que é algo que é obviamente claro e tu percebes logo o que é que eu estou a falar, e posso dar outros textos meus, como a “Patanisca”, em que tu não consegues definir o que é que eu estou a pensar, o que é que eu quero dizer com isto e o que é que no fundo é. Eu escrevo isto com uma intenção e às vezes as peças fazem só sentido na minha cabeça, às vezes eu estou a escrever uma coisa e eu penso “ya aqui era bué isto, aqui era mesmo esta palavra, esta construção que eu quero abordar, não há mais nenhuma.” E muitas vezes quem está a ler ou quem está a ouvir não vai perceber isso. E então eu deixo muito ao ouvinte para que ele defina o sentido de grande parte da minha escrita. Porque eu acho que não se justifica eu estar a explicá-lo. Eu, ao explicar o sentido do que escrevo, vou tirar-lhe significado. E acho que o significado está mesmo no facto de tu não perceberes à primeira vista o significado, ou de parecer que não tem significado.

Dar essa liberdade ao receptor da tua arte parece ter tanto de desconexão com a tua arte, como de conexão com a Arte em si. Não tendo vontade de explicar a arte, sentes que tens dificuldade em receber críticas às tuas criações?

Eu aí não sinto isso. Para mim escrever é algo que vem várias vezes só naturalmente, outras vezes eu acabo por forçar um bocadinho o meu processo criativo, até entrar num estado de flow. E o que chamam ao estado de flow, é aquele estado em que tu estás só a escrever e parece que sai tudo. Isso para mim é o flow. E esse estado, às vezes tu chegas lá através de bateres muito com a cabeça nas paredes. Através de estares a olhar para uma cena e não escreveres e olhares, e olhares, e olhares e não escreveres. E às vezes acaba o que acaba por me acontecer muito é: eu estou a bater com a cabeça bué vezes e depois finalmente quebro e penso “AH-AH!” e fico 15 minutos, 20, meia hora a escrever intensamente, a escrever sem parar, sem piar, nem ai, nem ui, e depois bato outra vez com a cabeça na parede. E aí penso “Ok. Isto acabou.” E faço uma pausa, às vezes, de 5 horas, para voltar depois passado meia hora e tenho outra meia hora de escrita completamente intensa em que, para teres noção, muitos versos e muitos poemas são escritos de um só jorro. Meia hora ali, 20 minutos, intensamente e tudo faz sentido. E a arte parece que flui só. Há outros exercícios, músicas, poemas e mesmo ensaios, que eu demoro muito mais tempo. Alguns eu tenho aqui parados há bastante tempo. Há outros que me demoraram anos, se for preciso, a escrever. Para teres ideia em Novembro acabei uma peça que tinha começado a escrever no outro Novembro. Uma peça em que não toquei e voltei a tocar.

E esse é muito meu processo. Eu não tenho um processo nada metódico. É muito esporádico, é diário, eu acho que é muito importante tu escreveres e leres e cultivares-te diariamente. Porque a criatividade acaba por ser um músculo. E conforme tu o treinas, mais criativo és. E quanto mais treinado ele estiver, mais criativo vais ser nas respostas que dás às tuas perguntas e ao mundo. E consegues arranjar caminhos que não tinhas visto antes. Ou inserir respostas a outras perguntas de formas diferentes. Ou abordar tópicos e conceitos que nunca pensarias que fossem possíveis. Mas, no cerne dela, a minha arte é esporádica e muito intensa, com momentos tão intensos que depois eu me sinto exausto, mesmo fisicamente. É uma cena que eu acabo e penso “Pffuuu, ok. Ok. Acabou.” e arrumo. Eu lembro-me de uma vez estar a falar com o TILT, em 2019, e ele me dizer que no seu processo criativo se fechava numa bolha, e às vezes tinha só escrito duas barras, mas estava ali imenso tempo perdido num mundo, a explorar e a vaguear. Eu não tenho essa facilidade, e eu acho que é porque a minha exploração é muito intensa. Eu quando exploro é mesmo muito intenso. E estou ali, ninguém me diga nada, não me interrompa, não me façam nada, se não eu perco o fio à meada e não quero. Eu não consigo fazer isso, sentar-me imenso tempo a escrever. Mas isso é geral para mim na vida, eu não consigo sentar-me durante muito tempo a fazer uma coisa. É algo que para mim começa logo a fazer-me comichão. Mesmo que seja uma coisa que eu gosto muito, muito, muito de fazer. Se eu estiver sentado a fazê-la, não consigo. Uma coisa que eu consigo fazer durante muito tempo é andar sem destino, por exemplo. Lá está, porque não estou sentado. Não estou ali a fazer algo estático.

Muita da minha inspiração para escrever vem de passeios que eu dou, ou de sítios onde vou. Sobretudo a natureza. Apesar de, frequentemente, eu nem abordar muito a natureza. Mas muita da minha inspiração vem de dar passeios em jardins, em florestas, em sítios naturais. Às vezes acompanhado, mais vezes sozinho.

E vou-te dizer uma coisa. Eu atualmente não consigo pensar num dia em que eu não escreva nada. É mesmo aquela máxima que está na minha cabeça: “eu sei que vou escrever”. Mesmo que seja só uma frase, mesmo que seja uma barra horrível, mesmo que seja algo que eu olhe e pense “eu nunca vou pegar nisto, isto é quase inútil, utilitariamente, isto não me vai servir para a produção de nada”. Se eu não tiver nenhuma inspiração, e nenhuma vontade de escrever, pelo menos “piquei o ponto”. E é uma promessa que fiz comigo mesmo. E escrever, atenção, não estou só a falar de escrever enquanto INTER7O ou JosÈ Algo. Estou a falar de escrever qualquer coisa no geral.

Eu agora vejo que não é a estares um ano sem fazer nada e, de repente, umas semanas escreveres durante 12 horas por dia que vais ter mais resultados do que uma pessoa que escreve constantemente. Mesmo que seja pouco, mesmo que não escreva todos os dias tenho aquele hábito de escrever frequentemente. Mas também os hábitos têm muito que se lhe diga, porque os hábitos tanto podem ser um veneno, como um medicamento. Tudo na dose certa é veneno. E eu acho que se o teu hábito começa a envenenar a tua vida, tens que o parar.

E relativamente às tuas inspirações, fora do mundo musical ou lírico, tens algumas? Queres desenvolver um pouco esta questão?

Tenho algumas influências no mundo dos videojogos…e isto derivou de eu pretender estudar pessoas que considero altamente criativas, cuja arte reside profundamente dentro de mim. E vou dar dois exemplos de indivíduos que eu já estudei imenso. Um deles é o Davey Wreden, o criador de um dos meus jogos preferidos, o “The Stanley Parable”, e o outro é o Alexander Bruce, o criador do “Antichamber”, que é outro dos meus jogos preferidos de sempre, ambos no meu TOP10. São jogos que têm uma grande componente filosófica e são extremamente únicos. Eu para me inspirar fui analisar como é que era a vida deles e qual foi a sua abordagem, chegando a uma conclusão à qual já tinha chegado há algum tempo… E não é uma conclusão muito bonita para mim.

Muitas das peças de arte que eu considero altamente relevantes levaram o artista a entrar num burnout. E tanto Davey Wreden, como Alexander Bruce entraram num burnout depois de lançarem estes jogos. O Alexander Bruce, inclusive, não conseguia olhar para o videojogo que tinha acabado de fazer. Ele lançou o jogo, e odiava-o completamente, odiava a vida dele. E era o sonho dele, de menino. O sonho dele e toda a doutrina dele era ele destacar-se por ser diferente. Ele demorou sete anos a desenvolver o jogo, sete anos a trabalhar em full-time para garantir que tudo era perfeito. Acabou o jogo e desde 2013 ainda não lançou mais nada… Teve propostas, contractos e não quis absolutamente nada; ele lançou o jogo e ele queria morrer…

O Davey Wreden lançou o jogo e não queria ver mais jogos à frente. E depois lançou outro jogo uns anos depois, que tinha outra mensagem. E agora, sinceramente, não sei o que é que ele está a fazer, acho que ele não está sequer associado a videojogos agora… Eles esforçaram-se tanto, esses artistas, para criar o sonho deles e a ideia que tinham daquilo, que acabou por ser algo que lhes custou muito da vida. Como se tivessem dado uma parte tão profunda deles, que deixassem de ser um bocadinho eles mesmos. Não foi um dar como quando tu tens e podes dar; ou pode prejudicar um bocadinho dar, mas tu dás. Não. Isto foi um dar que custou. De anos, e anos, e anos, e que matou parte do artista.

São as personificações daquele clichê de que grandes criações artísticas implicam todo um processo sofrido, ou sobre sofrimento, de alguma maneira, sempre negativo. Mas chamar clichê é também redutor, pois é um fenómeno muito comum pela comunidade artística, o de usar o mal-estar como combustível.

O que eu vejo é que eu não sou um gajo que tenha, por norma, sofrido muito com a sua arte. E se calhar isso prejudica-me e compromete o acto, porque eu não estou a sofrer imenso com o que estou a escrever e não é por eu não me esforçar, ou não é por eu não ter sofrimento. É porque a minha arte e o que eu faço, parte muito de uma ideia que… Eu, normalmente, não escrevo quando estou mal.

Eu só consigo imbuir o sentimento depois. Ou seja, eu estive mal, aquele tempo, mas eu não tenho um reflexo inato para ir escrever quando me sinto mal.

Isso acontece-te de forma natural ou tu fazes alguma coisa por isso? Estás mal e pensas ou sentes que tens que ir escrever e impedes-te, ou vem mesmo de ti, não seres assim, não usares o sofrimento como combustível?

Olha não sei… E isso parte também de eu dizer que não sei bem analisar aquilo que sinto e o método, e analisar onde sou “bom” e onde sou “mau”.

Não és melhor nem pior artista, ou pessoa, por teres dificuldade de autoanálise. No entanto, é mesmo curioso que tenhas essa particularidade. Pois, no meio artístico, acabas por ser bastante distinto de tudo o resto, quanto muito não seja por causa dos teus antecedentes. És uma pessoa ligada à ciência, à filosofia e também à arte. Então tens aqui três interesses, pelo menos, que não são assim tão comuns, em conjunto.

Eu sei o que é. Eu tenho isto é por um motivo: é porque eu não gosto de dizer algo que eu sinta que estou a induzir em erro. Ou às outras pessoas, ou a mim mesmo. Então para isso eu prefiro abster-me de dizer alguma coisa; se eu não sei se o que vou dizer vai de encontro à realidade que eu estou a experienciar ou à minha percepção dela, prefiro ficar calado e não dizer nada, sobretudo sobre mim. Aquilo que eu chego à conclusão é que…. olha, vou dar contexto: o Eduardo Lourenço faleceu recentemente, e ele era um filósofo português, um dos filósofos portugueses modernos que eu considero mais relevante. E a grande obra dele é a psicanálise do povo português, “O Labirinto da Saudade — Psicanálise Mítica do Destino Português”.

Numa entrevista que ele deu, ele disse “Sei tanto agora que tenho quase cem anos como quando tinha dois”. Eu posso estar aqui dar name drop de malta, e ter teorias, e ter ideias que são minhas e que não. Mas no fundo, não sei nada, estas teorias não me servem de nada, a não ser algo que eu acho interessante, no fim de contas. Não é uma cena que eu agora possa forçar e dizer “Ya eu sei mais que tu porque estudei isto.” Não, se calhar até sei menos e tu sabes mais que eu. Mas no fundo não quero muito saber disso. Eu acho que isto vai muito contra o mundo moderno, infelizmente. Que é: a confiança é algo perigoso, é algo triste. Uma pessoa confiante está a dizer que não questiona. E então para mim sempre foi muito difícil passar confiança, porque só a própria questão, o porquê, é algo que eu tento ter presente diariamente, e questionar aquilo que estou a fazer…

Queres deixar mais alguma coisa dita?

Quero deixar um apelo às pessoas: acho que um problema geral da sociedade é sermos ensinados a deixar de ser crianças. Eu acho que tu, deixando de ser criança, estás a perder uma grande parte de ti, que é a Criatividade e que é a Imaginação. Isso são sempre grandes características das crianças, e parece que os humanos as perdem em troca de produtividade, gestão de tempo e capacidade de liderança, que para mim são características que eu não vejo o mínimo interesse em ter. Acho que é importante saber algo de cada uma delas, mas trocá-las por Imaginação e por Criatividade é completamente desumano para mim. Acho que a humanidade está mesmo no questionar e no fascinares-te com o mundo das crianças… E também com a arte. Então fazendo um bocado uma transposição e um apelo às pessoas, ao público em geral, para questionarem aquilo que que estão a ver, que estão a fazer e que estão a integrar na sua vida: perguntarem-se porquê, perguntarem-se como é que foi feito e deixem-se levar pela vossa frente criativa e imaginação. Porque muitas das minhas peças, sobretudo as mais abstractas, são fruto da minha imaginação. Ou tu entras logo no meu mundo e percebes onde é que eu estou a tentar chegar, ou então não entras. Acho, por fim, que toda a gente tinha muito mais a ganhar se fizesse o esforço para tentar entrar mais na cabeça do criador.

No fundo, o que eu quero dizer, não é tão relevante como a forma como o estou a comunicar. Porque não é.

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